sábado, 15 de março de 2008

A cada dia

Viver na certeza do abandono
não é pior do que viver
na incerteza da dúvida.
Quem vai deixa para trás
uma confusão de sentimentos.
Deixa para trás uma história.
Quem fica só se faz presente de corpo.
Perde sua alma.

Agora viver na claridade cegante da certeza,
não é pior do que viver
nos escombros de quem tenta recomeçar.

***

Aproveito cada segundo que tenho
para fugir da realidade,
pois se me permito esse tempo
é para conservar a minha sanidade.
Porque amanhã posso acordar
e não ter mais essa oportunidade.

3 comentários:

Renato disse...

Eita Karila!
Você exagerou dessa vez!!!

Pra que tanto sentimento? Esse "A cada dia" veio carregado de emoção. É um negócio que bate na gente e faz a imgaginação ir bem longe. Algo como José Alcídes Pinto fez em Os Verdes Abutres da Colina quando a cidade veio a baixo. No final, só escombros. Ou um recomeço? Essa luz da certeza é que nos faz encarar a nossa cruz. Obriga-nos. Eu queria que ela fosse de isopor. Como quem acorda cedo pra ir pra escola e não quer levantar. Tem mesmo que ser assim? Melhor a escuridão...

A escuridão é que é ruim. Passar o resto da vida se enganando. Alguém chega perto de ti e diz: "Levanta a cabeça!" Aí você se sente um avestruz. Na verdade, eu me sinto um avestruz de ressaca: 'Por isso mãe! / Só me acorda quando o sol tiver se posto / Eu não quero ver meu rosto / Antes de anoitecer'.

A perda não admitida é doída.

Viajei nessa, Karila. É uma obra-prima!

Karila disse...

Quando vc passa pelos dois lados e não tem uma definição de qual lado quer ficar, isso sim é doído...

Carregado de emoção sim! Você demorou alguns dias para completar os versos para "Maria", pra mim poesia é quem catarro ou sai de uma vez ou fica incomodando a semana inteira...

Renato disse...

É isso mesmo, Karila. Esse negócio de escrever a prestação fica mal-acabado. Parece remendo.