segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mensageiro do Morro




Hoje eu fui convidada por uma amiga para ir a um debate com Mv Bill. O debate era sobre a relação das mulheres com o tráfico, direta ou indiretamente. Bill está lançando seu terceiro livro com o mesmo tema. Para a divulgação, escolheu um caminho diferente, além dos debates costumeiros, acrescentou visitas a presídios femininos.



A amiga em questão, foi minha colega de estágio na Febem, sendo ela estudante de serviço social. Segundo ela, quando ouviu falar que o Bill ia estar aqui em Fortaleza para debater sobre o tema, logo lhe veio a minha imagem na cabeça.

É, eu sou fã do Bill. Corrijo! Eu sou uma admiradora do Bill! Pra mim ele consegue ultrapassar as barreiras das favelas. É um dos poucos rappers brasileiros que tem a articulação suficiente para transitar entre morro, asfalto, universidades, políticos e policiais. O cara propõe debates e mudanças com os pés no chão e de olho na realidade. Como ele mesmo disse hoje, ele tem uma postura diferente da maioria dos integrantes do movimento hip-hop: além de questionar, ele permite ser questionado.

Hoje eu me senti muito bem. Trocaria 30 forró no sítio, para escutar o Bill por algumas horas. Da mesma maneira que, alguns gigas do meu mp3 estão sempre reservados para o Mano Brown e companhia... É eu me identifico com o rap e eis o porquê:

"É! Mantenho minha cabeça em pé! Fale o que quiser pode vir que já é! Junto com a ralé, sem dar marcha ré ! Só Deus pode me julgar, por isso eu vou na fé !" (Só Deus Pode Me Julgar - MV Bill)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 de abril

Antonio Bezerra do Valle

Contei de vida um ano a mais?
Conformar-me não posso nesse engano!
Eis porque, taciturno, não me ufano,
Eis porque tal notícia não me apraz.

Vencendo os furibundos vendavais
Que nos trazem à vida um grande arcano,
De existência perdi mais hoje um ano
Que me crestou, sem pena, o tempo audaz.

E agora, que diviso no arrebol
Sucumbindo, o raiar dum loiro sol,
Ao desdobrar-lhe a noite o seu sudário,

Como que dum letargo em que desperto,
Conhecendo da morte estar mais perto,
Só tristezas deixou-me o aniversário.

terça-feira, 22 de abril de 2008

O coqueiro

De longe se vê o magricela
Saci com a canela mergulhada n'água do verão
Cabeleira verde que o vento perturba e acalma – sempre nessa ordem
Sempre volta a ser estrela

Sol

e

Sal

e

Sol

e

Sal


A sua solidez é fundamentada na solidão
Um contar de dias sem fim
Gravetos que nunca virarão pipas
Carne que não dará beijinhos

Só por se opor à sua natureza de coqueiro.

Fortaleza, 21 de abril de 2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Experimentar

Se percebesse que o amor te rejuvenesce
Teria outros momentos daquele.
Pense que não é uma dádiva dos escolhidos
Nem precisa saber onde está pisando.
Feche os olhos e esqueça os mapas.
É hora de experimentar.
(Assim mesmo: intransitivo.)

Se funcionar,
Convença-me a sair dessa gaiola.

Fortaleza, 11 de abril de 2008